Todos os homens são filósofos.
Mesmo quando não têm consciência de terem problemas filosóficos, têm, em todo o
caso, preconceitos filosóficos. A maior parte destes preconceitos são as
teorias que aceitam como evidentes: receberam-nas do seu meio intelectual ou
por via da tradição.
Dado que só tomamos consciência
de algumas dessas teorias, elas constituem preconceitos no sentido de que são
defendidas sem qualquer verificação crítica, ainda que sejam de extrema
importância para a acção prática e para a vida do homem.
Uma justificação para a existência da
filosofia profissional ou académica é a necessidade de analisar e de testar
criticamente estas teorias muito divulgadas e influentes.
Tais teorias constituem o ponto
de partida de toda a ciência e de toda a filosofia. São pontos de partida
precários. Toda a filosofia deve partir das opiniões incertas e muitas vezes
perniciosas do senso comum acrítico. O objectivo é um senso comum esclarecido e
critico, a prossecução de uma perspectiva mais próxima da verdade e uma
influência menos funesta na vida do homem.
K. POPPER, Em Busca de um Mundo Melhor, 1989, p.165
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